Meu pupilo chamou-me de pai, mais se impressiona com palavras de um estranho.
Meu pupilo não matou, mais me viu acabar com a vida de quem lhe deu o viver.
Meu pupilo não chora mais, por isso tenho medo dele não chorar por mim.
Meu pupilo não me idolatra, pois matei quem o idolatrou.
Meu pupilo não sabe ler, mais a leitura da vida o ensinou mais do que eu.
Meu pupilo acorda a noite, mais não precisa de meus carinhos.
Meu pupilo não errou, e eu me arrependo de não ter sido igual a ele.
Hoje fico ao lado de uma janela, sem que vejam.
Meu pupilo e o estranho, não percebem minhas lágrimas.
Meu pupilo e o estranho, riem de tudo, mais não riem comigo.
O escurecer da noite chega e novamente lá estou, ao lado de uma janela.
O vento range em meus ouvidos.
O vento sopra em meu olhar.
O vento fala com meus dedos e ainda estou a chorar.
Meu pupilo e o estranho, não percebem ou perceberam.
Hoje tenho lágrimas de sentimentos, lágrimas arrependidas e lágrimas de um assassino.
Inspirado na obra de Anne - Laure Bondoux
- LIVRO - AS LÁGRIMAS DO ASSASSINO.